quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Futebol puro

O futebol puro tem vindo a ser assassinado com o passar dos anos pelo método e conhecimento. Os jogadores de rua, os meninos que começam desde cedo a pontapear bolas de trapos, a fazerem cuecas e concursos de toques na rua, muitas vezes descalços, são cada vez menos e, quando chegam ao futebol profissional, têm de se sujeitar à intelectualização da táctica.

Por toda a história, existem exemplos de crianças oriundas de condições impróprias que conseguiram singrar no mundo do futebol, tornando-se em magos do futebol. Em África, qualquer jogador surge, à partida, num meio deste género. Com mais coisas com que se preocupar, os governos, instáveis na maior parte dos casos, não se podem dar ao luxo de investir no futebol, mas a paixão da população está lá.

Com condições de saúde degradáveis e com uma esperança média de vida muito inferior à que se regista na Europa, o futebol surge, para muitos, como remédio. Com paixão, sonho e ambição, as crianças entragam-se à magia de virem a disputar um dia um Mundial.

Na curta de Silas Hagerty, estes pontos são abordados de um ponto de vista mais abrangente. O futebol é um meio de reunir pessoas com uma paixão para os perigos da Sida, como uma forma de alerta. É portanto, um denominado país do terceiro mundo (Zâmbia) a aproveitar a força da modalidade para algo realmente importante e não apenas para interesses escondidos e obscuros como ocorre tão frequentemente nos ditos desenvolvidos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

NEWCASTLE JETS
O legado "deixado" por Jardel

Vasco da Gama, Grémio, FC Porto, Galatasaray, Sporting, Bolton, Ancona, Newell's Old Boys, Alavés, Goiás, Beira-Mar, Anorthosis Famagusta... e Newcastle Jets. A ida de Mário Jardel para a Austrália, onde se tornou no "marquee player" (equivalente ao designated player nos Estados Unidos, ou seja, a possibilidade das equipas fazerem uma contratação cujos valores salariais não entrem no famoso tecto salarial imposto pela liga). Mediático como sempre, ajudou a tornar o campeonato australiano mais interessante para quem viu o que Jardel conseguia fazer há uns anos. Alguns jogos depois, quase sempre como suplente, o avançado brasileiro abandonou, mas deixou o "legado": a equipa iria sagrar-se campeã. Com ou sem Jardel, a verdade é que esteve presenta na época.

A equipa de Gary Van Egmond conquistou assim o primeiro título de sempre na história. A jogar em 4x2x3x1, com um meio-campo povoado e uma capacidade de circulação de bola de fazer inveja a muitas equipas europeias, os Jets conseguiram aproveitar ao máximo os erros dos Central Coast Mariners, vingando assim a derrota na "Major semi-final".

Na baliza, Ante Covic foi um dos melhores elementos durante a época. Na final, foi poucas vezes chamado a intervir, mas quando isso aconteceu não desiludiu. À frente, teve um quarteto de luxo. Na direita, Tarek Elrich não comprometeu a defender e ajudou às fortes investidas que a equipa fez por esse flanco, levando que do lado contrário D'Apuzzo fosse mais comedido a subir. No eixo da defesa, Andrew Durante foi simplesmente inultrapassável e dominador nos despiques individuais, acabando por vencer mesmo a medalha Joe Marston, de melhor elemento em campo. Ao seu lado, Jade North esteve igualmente eficaz a defender.

Numa primeira linha do meio-campo, Adam Griffiths e Musialik tomavam conta da primeira fase do ataque, dando mais liberdade de movimentação a Mark Bridge, pela direita, Matt Thompson, pela esquerda, e Jin Hyung Song, o sul-coreano de 20 anos.

Com uma negociação falhada para o campeonato espanhol, Song decidiu rumar a Austrália esperando que lhe facilitasse uma desejada saída para a Europa. Jovem, ágil e bom tecnicamente com os dois pés, tem valor para ambicionar a campeonatos mais competitivos e com maior mediatismo. Continuando no meio-campo, Mark Bridge foi dos elementos mais irrequietos durante os primeiros 45 minutos e foi graças à pressão que fez sobre Vidmar que conseguiu recuperar a bola e marcar o único golo da partida.

Na frente, Joel Griffiths é a figura incontornável da equipa. Melhor marcador da equipa, foi também votado como o melhor jogador do campeonato. "Pouco" avançado, Griffiths deambula pelo terreno nunca permitindo uma marcação fácil. Caiu com muita frequência nas alas e descia para o meio-campo para ajudar à constante circulação de bola dos Jets, chegando mesmo a aparentar que actuavam em 4x6x0. Não marcou, mas esteve irrepreensível durante os 90 minutos.

* Central Coast Mariners e Newcastle Jets encontraram-se na final, depois de os Mariners terem vencido a "Major Semi-Final" frente aos Jets, garantindo desde logo a presença na final. Os Jets tiveram que esperar pelo vencedor do encontro da "Minor Semi-Final" (Queensland Roar) para discutir a segunda vaga.

CENTRAL COAST MARINERS
O erro de carreira de Vidmar

Antes do início da transmissão televisiva, os spots de John Aloisi e Tony Vidmar, os dois veteranos do Central Coast Mariners, repetiam-se. Focando o regresso ao campeonato australiano depois do sucesso internacional, ambos se apresentavam como ambiciosos para vencer o título local. O central Vidmar, figura do Glasgow Rangers entre 1997 e 2002, ia mais longe e dizia mesmo: "até agora... missão cumprida". Estava longe de imaginar o papel que teria na final contra os Newcastle Jets.

Com o equilíbrio dominante na partida, Vidmar perdeu o controlo da bola por momentos e permitiu o desarme de Bridge. O avançado dos Jets correu para a baliza e bateu Vukovic fazendo o único golo da partida. Dez minutos depois, aos 75, Vidmar era substituído. Um final de carreira inglório para o central.

No entanto, a derrota dos Mariners pode ter começado a surgir na ausência do onze titular do médio Tom Pondeljak. Votado como o segundo melhor jogador do campeonato, Pondeljak não estava a 100 por cento e Lawrie McKinna optou por deixá-lo no banco, dando a oportunidade a Greg Owens.

Apresentando-se em 4x4x2 e sem Pondeljak, as figuras eram o central Tony Vidmar e o avançado John Aloisi. Na baliza, Danny Vukovic. Sem ter tido muitas intervenções durante a partida, também não teve hipótese no golo sofrido. Nos instantes finais subiu à área para tentar o golo de igualdade e acabou por ser o principal destaque negativo. Não gostando da decisão do árbitro Mark Shield em deixar passar em claro uma grande penalidade a favor dos Mariners, Vukovic deu uma palmada no braço do juíz da partida. Resultado: Expulsão imediate e 15 meses de suspensão anunciados ontem.

O quarteto defensivo apresentou-se com Boogaard na direita, Ceccoli na esquerda e dupla de centrais composta por Wilkinson e Tony Vidmar. Face às variantes tácticas do adversário, os níveis de concentração do quarteto tinham que estar muito apurados e, até ao golo, foi Vidmar quem comandou. Na direita, Boogaard tentava ajudar a equipa no ataque sempre que podia, enquanto Ceccoli na esquerda teve muitas dificuldades em suster os ataques contrários, já que houve uma aposta clara dos Jets em aproveitar esse flanco.

No meio-campo, Greg Owens esteve longe de ser uma boa alternativa a Pondeljak. No lado esquerdo, Kwasnik conduziu grande parte dos ataques, sacando inúmeros cruzamentos para a área, apesar de John Aloisi nunca ter dado o melhor seguimento. No meio, Hutchinson foi um jogador mais reservado, dando liberdade a Jedinak. Foi Jedinak quem acabou por assumir a criação de jogo dos Mariners, ainda que sem muito sucesso. Nunca teve hipótese de tentar o remate de longe que lhe é característico. Pondeljak jogou os últimos quinze minutos, mas foi insuficiente para esboçar alguma reacção.

Na frente de ataque, além do veterano e inconformado Aloisi, jogou Petrovski. Nunca conseguiu ter espaço para jogar. Também nos últimos minutos, Matt Simon entrou para a frente e criou um par de oportunidades, inclusive um remate cruzado que passou a centímetros do poste direito da baliza de Ante Covic.

* Central Coast Mariners e Newcastle Jets encontraram-se na final, depois de os Mariners terem vencido a "Major Semi-Final" frente aos Jets, garantindo desde logo a presença na final. Os Jets tiveram que esperar pelo vencedor do encontro da "Minor Semi-Final" (Queensland Roar) para discutir a segunda vaga.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

NIGÉRIA
O temível ataque irreal

Se de repente surgisse a pergunta: Numa competição internacional, em que a Nigéria apresente jogadores ofensivos da qualidade de Yakubu (Everton), Kanu (Portsmouth), Makinwa (Lazio), Obafemi Martins (Newcastle), Odemwingie (Lokomotiv Moscovo) e Utaka (Portsmouth), para além do estrela ascendente Obi Mikel, consiga ultrapassar a fase de grupos e seja apenas eliminada na segunda fase, quantos golos poderá a selecção marcar?

Há dois pontos essenciais para poder responder a esta pergunta na minha opinião. Primeiro que tudo, dependerá claramente da inspiração dos jogadores citados. Em segundo plano, do treinador da selecção e da filosofia que impinge aos jogadores antes de cada partida.

E se, de facto, a inspiração dos jogadores não foi das melhores, os problemas apresentados pelo técnico Berti Vogts logo desde o início deixaram antever que o ambiente da selecção poderia correr bem melhor.

Com Vincent Enyeama no banco, guarda-redes considerado como um dos melhores do continente africano, Ejide teve a responsabilidade de defender as Super Águias na competição. Três golos sofridos em 360 minutos não é um registo criticável.

Na defesa, o destaque natural será para o lateral Taye-Taiwo, um dos melhores laterais esquerdos a actuar no campeonato francês. Gostando de integrar as jogadas de ataque da equipa, assume papel especial nos lances de bola parada. Contra a Costa do Marfim, fica na retina o disparo indefensável à barra da baliza de Barry. Com Yobo a dar experiência, Shittu (Watford) foi uma surpresa, especialmente devido à assustadora presença física em campo, capaz de intimidar qualquer avançado.

Do meio-campo para a frente, surgem as maiores estrelas. Obi Mikel foi intocável e teve em Olofinjana o principal companheiro, que falhou apenas o jogo com o Benim por ter visto dois cartões amarelos. Kanu, que actuou recuado nos primeiros 56 minutos da competição, ficou-se por aí: 56 minutos. No entanto, a sua importância fez-se sentir no banco, onde funcionou como um braço direito (ou mesmo o verdadeiro treinador) de Berti Vogts.

Obafemi Martins foi uma desilusão e jogou apenas os dois primeiros jogos. Utaka foi irregular, Odemwingie foi crescendo com o desenrolar da prova e só Yakubu esteve realmente a um nível razoavelmente alto, actuando os 360 minutos em que a Nigéria participou.

Já agora, respondendo à pergunta inicial, foram três os golos: Dois de Yakubu (um de grande penalidade) e um de Obi Mikel.

Estatísticas
  • Dos 23 jogadores convocados por Berti Vogts, três não foram utilizados: os guarda-redes Aiyenugba e Enyeama e o defesa Emeghara
  • Cinco jogadores foram totalistas: Ejide (guarda-redes), Shittu, Taiwo e Yobo (defesas) e Yakubu (avançado)
  • O defesa Afolabi esteve muito perto de não ter sido utilizado. No entanto, o minuto jogado contra o Benim, substituindo Odemwingie) não deu para suar sequer
  • Kanu jogou apenas 56 minutos no jogo de abertura, despedindo-se aí da prova
  • A Nigéria foi admoestada com sete cartões amarelos: Olofinjana (2), Obafemi Martins, Odemwingie, Nwaneri, Taiwo e Obi Mikel
  • As Super Águias marcaram tantos golos quanto os que sofreram - 3. Foram alcançados por Yakubu (2) e Obi Mikel

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

MARACAIBO
Herói de trazer por casa

O Unión Atlético Maracaibo é um clube venezuelano com aspirações internacionais muito escassas. A presença no grupo 4 da Libertadores juntamente com Boca Juniors, Colo Colo e Atlas permitiu aos adeptos, contudo, poder receber os campeões da Libertadores logo na jornada inaugural.

Estádio cheio e expectativas ao rubro para assistir à partida do mago-Riquelme. Não foi assim de espantar que durante a primeira parte, quando o Boca Juniors seguia para o ataque, um adepto, extasiado pela hipótese de ver jogar o argentino, entrou em campo correndo em direcção ao herói: o herói internacional. O jogo continuou e no final os venezuelanos conseguiram um empate a um golo, estando mesmo a ganhar durante alguns minutos.

Que equipa será esta então? Sem nomes de grande prestígio internacional, o único nome que poderá ser reconhecido pelo público mais atento é o do guarda-redes colombiano Henato. Excêntrico à boa maneira de Higuita, Henao encontrou na Venezuela um bom retiro. Com dificuldades nos lances de 1x1, nomeadamente no posicionamento entre os postes, é um guarda-redes que se enquadra na tradição sul-americana.

A defesa é composta por quatro jogadores, embora os laterais tenham tarefas completamente opostas. Na direita, Pedro Fernández é mais ofensivo. Forte fisicamente, gosta de incorporar as jogadas ofensivas, surgindo frequentemente na mesma linha que os restantes médios. Já Fuenmayor actua junto dos dois centrais: Muñoz e Lancken. O primeiro é mais completo: bom posicionamento, bom jogo de cabeça e perigoso nos lances de bola parada ofensivos. Já Lancken é um central mais para o choque e não tanto de sair a jogar.

Para essa transição de bola da defesa para o meio-campo surge Miguel Mea Vitali. É a âncora da equipa venezuelano, decidindo quando a equipa avança, quando se adianta, ataca pela direita ou pela esquerda. Ganha maior destaque nos lances de bola parada com um excelente remate de longa distância. Ligeiramente mais à frente, jogam o capitão Urdaneta e Figueroa. Urdaneta tem a missão de organizar o ataque em zonas mais adiantadas, mas contra o Boca Juniors teve muita dificuldade em ter a bola controlada. Bom tecnicamente e no passe longo. Já Figueroa tem uma zona de acção maior. Surgindo nos dois flancos ou em zona de remate frontal, é uma peça bastante móvel da equipa e difícil de acompanhar.

Pela ala esquerda joga Rojas. Com Fuenmayor a actuar com muitas cautelas defensivas, Rojas tem liberdade para decidir por onde andar. Optando preferencialmente pela ala, não é invulgar vê-lo a procurar a bola em zonas mais centrais ou mesmo servindo de apoio de cobertura ofensiva.

Finalmente, o ataque é talvez o sector mais fraco, pelo menos aquele que menor destaque teve na partida com o Boca Juniors. Incapazes de se libertarem das marcações da defesa xeneize, Saucedo e Maita foram presas fáceis.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

GUINÉ-CONACRY
Reféns de Pascal Feindouno

Há dois anos, a Guiné-Conacry surpreendeu o mundo do futebol. No grupo com África do Sul, Zâmbia e Tunísia, os Le Syli alcançaram o primeiro lugar. Dois anos depois, repetir a façanha seria complicado, especialmente com o anfitrião Gana incluído, mas a disputa com Marrocos prometia ser competitiva.

Sem o ex-axadrezado Sambegou Bangoura no lote dos eleitos, Robert Nouzaret não deixava de ter a espinha dorsal da equipa, a verdadeira alma, composta por Fode Mansaré na esquerda, Ismael Bangoura no lado direito e Pascal Feindouno no centro.

Começando a análise pela baliza, há o "João Ricardo guineense". Entrado nesta prova desempregado, Kemoko Camara deu excelentes provas de qualidade durante a prova. Foi titular indiscutível, sofrendo 10 golos em quatro partidas. À primeira vista, poderá ser um número negativo, mas é em muito influenciado pela goleada sofrida frente à Costa do Marfim nos quartos-de-final (0-5). De resto, além das boas defesas, Camara fica também marcado por ter sofrido alguns dos melhores golos da prova: Muntari no jogo inaugural, Aboucherouane na vitória com Marrocos ou o tiro de Bakary Koné na goleada marfinense.

Na defesa, o destaque principal vai para a forte dupla de centrais, composta por Dianbobo Baldé (Celtic) e Oumar Kalabane (Manisaspor). Muito fortes fisicamente, aparentam alguns problemas de mobilidade, mas ainda assim não deixam de ser o maior trunfo na defesa. Bons no jogo aéreo, Kalabane fez questão de o demonstrar com um golo de belo efeito contra o Gana. Depois de actuarem os três primeiros jogos juntos, Robert Nouzaret decidiu deixar Baldé e Kalabane no banco contra a Costa do Marfim. Quando o descalabro era total, o técnico lançou Kalabane aos 73 minutos. Tarde demais.

Nas laterais, Jabi (Trabzonspor) e Ibrahima Camara (Le Mans) foram aqueles que mais tempo ocuparam o lugar. No lado direito, Jabi foi totalista e evidenciou-se especialmente pela simplicidade de movimentos, tentando acima de tudo não comprometer defensivamente e acompanhar o ataque com segurança. No lado contrário, Ibrahima Camara falhou o primeiro jogo, mas depois tomou conta da esquerda. Ao contrário de Jabi, Ibrahima não dá tanta segurança, mas é bastante mais ofensivo. Combinou bem com Mansaré contra Marrocos.

Numa forma global, no entanto, não se pode afirmar que a defesa guineense seja má. Os cinco golos sofridos à Costa do Marfim exibiram o desnorte sentido frente à equipa que melhor ataca no continente africano. As ausências de Kalabane e Balde foram sentidos e servem, de certa forma, como desculpa.

No meio-campo, numa primeira fase, não houve lugares reservados. Kanfory Silla (Sivasspor) e Mohamed Cissé (Bursaspor) poderiam ser, à partida, os titulares, mas Silla fez apenas os dois primeiros jogos, enquanto Cissé só actuou os 90 minutos contra Marrocos. Curiosamente, a única vitória foi alcançada quando o meio-campo estava no seu esplendor, ou seja, com os dois no meio-campo e com o trio mais adiantado composto por Bangoura, Feindouno e Mansaré.

Estatísticas:
  • Dos 23 jogadores convocados por Nouzaret, três não foram utilizados: os dois guarda-redes (Diarso e Yattara) e o defesa Habib Jean
  • Três actuaram os 360 minutos possíveis: o guarda-redes Kemoko Camara, o lateral-direito Daouda Jabi e o extremo/avançado Ismael Bangoura
  • Foram mostrados sete cartões amarelos a jogadores guineenses: Pascal Feindouno, Souleymane Youla, Kanfory Sylla, Douda Jabi, Mohamed Cissé, Ibrahima Camara e Kamil Zayaté
  • Pascal Feindouno viu o primeiro cartão vermelho da competição
  • Os Le Syli apontaram cinco golos no campeonato: Feindouno (2), Oumar Kalabane, Ismael Bangoura e Souleymane Youla
  • Um dos golos foi apontado de grande penalidade: Feindouno contra Marrocos
  • A equipa sofreu cinco golos na partida em que a dupla de centrais titular esteve no banco

SENEGAL
Leões da Teranga "sen" brilho

Das equipas que à partida poderiam ser apontadas como candidatas à conquista da CAN, os Leões da Teranga foram a maior desilusão, não conseguindo sequer o apuramento para os quartos-de-final. Os senegaleses, reféns do problemático El Hadji Diouf, nunca conseguiram ter a tranquilidade necessária e acabaram eliminados por Tunísia e Angola, não se escapando de vários problemas disciplinares, onde estiveram envolvidos, entre outros, Diouf, Sylva e mesmo o "português" Ousmane N'Doye.

No grupo D juntamente com os defensivos tunisinos de Roger Lemerre, a incógnita angolana de Oliveira Gonçalves e a débil África do Sul de Parreira, Kasperczak tinha a legítima ambição de garantir um lugar nos quartos-de-final.

O empate inaugural com a Tunísia não ajudou, especialmente devido ao golo tardio tunisino, mas ainda tiveram a hipótese de praticamente fechar o apuramento com Angola. Em vantagem no marcador, não conseguiram evitar a recuperação da selecção de Manucho e companhia, acabando por perder 1-3.

A nível individual é difícil encontrar um destaque positivo. A selecção necessita de uma forte renovação e não estar dependente daquele que outrora foi importantíssimo para a evolução da equipa: El Hadji Diouf. Mimado, chegou a abandonar a selecção, mas foi entretanto demovido pela federação, que o convocou para particulares como se nada tivesse acontecido.

Estatísticas
  • Dos 23 jogadores convocados por Kasperczak, apenas três não chegaram a ser utilizados: o guarda-redes Cheikh Ndiaye, Sarr e Sonko
  • O mesmo número de jogadores actuou os 270 minutos possíveis: os defesas Souleymane Diawara e Abdoulaye Faye e o avançado Sall
  • Os Leões da Teranga viram por oito vezes o cartão amarelo. Sall foi o único a ver duas vezes; Habib Beye, Souleymane Diawara, Abdoulaye Faye, Papa Ba, Gueye e Diomansy Kamara viram uma vez
  • Os quatro golos foram apontados por jogadores diferentes: Diomansy Kamara, Sall, Abdoulaye Faye e Henri Camara
  • Tony Sylva e El Hadji Diouf, dois dos jogadores destacados por indisciplina, perderam a titularidade no terceiro jogo depois de terem actuado os 90 minutos dos dois jogos
  • Os "portugueses" Ousmane N'Doye e Sougou foram pouco utilizados. N'Doye foi titular no primeiro jogo, mas actuou apenas 63 minutos em toda a competição, enquanto Sougou entrou nas duas últimas partidas, num total de 14 minutos

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

CLAUSURA 2008
O futebol argentino está de volta

Começou há minutos mais uma edição do Torneo Clausura. Depois de Lanús e San Lorenzo terem vencido os últimos dois campeonatos, a edição de 2008 está marcada pela pressão que Boca Juniors e River Plate têm para conseguir o regresso aos títulos.

Com inúmeras transferências, este terá sido dos poucos anos em que foram mais as grandes figuras a entrar do que a sair. A saída de Belluschi era já prevista há muito, mas os adeptos vão poder voltar a ver nomes como Riquelme, D'Alessandro, Maxi Morález ou Diego Placente.

Argentinos Juniors
O ex-companheiro de Acosta, Néstor Gorosito, mantém-se como o treinador de uma equipa que apostou forte no mercado de transferências, com destaque para as entradas de Milovan Mirosevic (Beitar Jerusalém) e Bruno Urribarri (Boca Juniors). Por outro lado, Franco Niell e Nicolás Saucedo abandonaram o clube.

Arsenal Sarandí
Com a conquista da Sul-Americana e a presença histórica na Libertadores, o Arsenal de Gustavo Alfaro contratou Carlos Báez (Independiente), Luciano Leguizamón (Gimnasia LP) e Pellerano (Racing). Damonte e Raymonda são as principais perdas.

Banfield
Juan Manuel Llop tem a responsabilidade de manter a boa prestação do campeonato passado. Para isso, o maior destaque é a incorporação do reforço do Benfica do início da época: Andrés Díaz. Cristian Maidana e o avançado Pablo Vitti são as saídas a destacar.

Boca Juniors
O alvo a abater este ano. Carlos Ischia é o novo técnico, recrutado ao Rosario Central, que fez um Apertura miserável. No entanto, Ischia não poderá ter razões de queixa. Os xeneizes recuperaram Riquelme e ainda contrataram o central Cáceres e o polivalente Castromán. Banega é a principal baixa, onde se juntam Krupoviesa e Matías Silvestre.

Colón Santa Fé
Mais um treinador que se manteve: Leonardo Astrada. Com as contratações de Pablo Aguilar (Sportivo Luqueño) e Hernán Encina (Atlas), a equipa de Santa Fé procura um campeonato com maior estabilidade. No meio-campo destacam-se as saídas dos importantíssimos Emanuel Centurión e Freddy "Totono" Grisales.

Estudiantes La Plata
Simeone saiu, mas abriu espaço para mais um ex-internacional: Roberto Sensini. A contratação do avançado Leandro Lázzaro, figura do Tigre, foi uma das maiores novelas. Chegaram ainda Bogado (Nacional do Paraguai) e Juan Manuel Díaz (Liverpool do Uruguai). Sem destaques nas saídas.

Gimnasia Jujuy
O clube jujueño de Carlos Ramaciotti parece ter estabilizado na Primera, mas ainda assim não poderá vacilar. Já sem Osvaldo Miranda, foram contratados, entre outros, Federico Acuña (Vélez) e Diego Miranda.

Gimnasia La Plata
Guillermo Sanguinetti tem a responsabilidade de voltar a levar o Gimnasia aos primeiros lugares da tabela. Diego Alonso regressou da China e a equipa perdeu Cejas, Herrera e Leguizamón, mas as perspectivas estão altas.

Huracán
Depois da polémica com a mudança de treinador, Claudio Ubeda foi o escolhido, depois de ter terminado a carreira ao serviço da equipa no último campeonato. Será necessária uma boa campanha para evitar os lugares de descida.

Independiente
Pedro Troglio não podia pedir muito mais. Manteve as grandes figuras do campeonato passado, especialmente Ismael Sosa e Germán Denis, e ainda foi contratar um dos melhores médios box-to-box do campeonato: Freddy Grisales. Chegaram ainda Damián Ledesma (Rosario Central) e Pablo Vitti (Banfield).

Lanús
Ramón Cabrero tem a enorme responsabilidade de defender o título, de forma a demonstrar que não foi apenas um acaso. Para isso, a espinha dorsal manteve-se. Entrou Macalik (Ferro Carril Oeste) e saíram Marcos Aguirre, Roberto Jiménez, Diego Manicero e Walter Ribonetto.

Newell's Old Boys
Ricardo Caruso Lombardi tentará, acima de tudo, impulsionar um ataque que permanece amorfo desde a saída de Cardozo. Diego Scotti regressou do Audax Italiano e foi contratado Cristian Llama ao Catania. O guarda-redes Diego Barreto saiu para o Cerro Porteño.

Olimpo
O Beira-Mar da Argentina. O eterno guarda-redes Navarro Montoya abandonou, como se esperava após a grave lesão, e o avançado Leonardo Ulloa chegou do Arsenal. Mais uma equipa que vai andar a sofrer nas últimas jornadas para evitar a despromoção.

Racing Club
Mais um regresso a saudar ao futebol argentino: Maxi Morález. A má experiência na Rússia fez com que voltasse ao clube de coração, que ainda contratou Bonet (Olimpia de Assunção) e Diego Manicero (Lanús). No entanto, as saídas, importantes, também foram muitas: Dario Botinelli, Gustavo Cabral, Claudio López, Cristian Pellerano e Martín Romagnoli. O treinador, também ele novo, é Miguel Micó.

River Plate
É Diego Simeone quem tem a obrigação de fazer renascer a equipa. Belluschi saiu para a Grécia, mas chegaram o avançado Sebastián Abreu, o médio Archubi, o central Gustavo Cabral e ainda omar Merlo. O central Lussenhoff e o avançado Marco Ruben abandonaram o clube.

Rosario Central
Leonardo Madelón tem a responsabilidade de salvar a equipa depois da péssima campanha na época passada. Para isso, conta com Ramiro Fassi (Sporting Cristal), Jesús Méndez (Saint Gallen), Maxi Pérez (Féniz - Uruguai) e Walter Ribonetto (Lanús).

San Lorenzo
Uma das equipas que melhor se reforçou. Ramón Díaz tem uma equipa muito mais completa, contribuindo em muito as chegadas de Andrés D'Alessandro, Gonzalo Bergessio e Diego Placente. Saíram Gastón Fernández e Osmar Ferreyra.

San Martín - San Juán
Fernando Quiróz é outro técnico que terá a corda na garganta para evitar a descida. Para o ajudar chegaram Ezequiel Medrán, Pedro Galván, Daniel Giménez e Carlos Recalde.

Tigre
Sem o avançado Leandro Lázzaro, Diego Cagna vai ter de encarar a responsabilidade de manter a sensacional vice-liderança do Apertura. Foram contratados Miguel Angel Cuellar, Pablo Fontanello e Tomás Jofré.

Vélez Sarsfield
Com o técnico campeão mundial de sub'20, Hugo Tocalli, o Vélez vai tentar fazer muito melhor do que na época passada. A saída do mexicano Mario Méndez é a principal baixa, mas chegaram Patricio Pérez, Waldo Ponce e Luciano Vella.

EUA
A estreia sorridente de Jozy

No mundo do futebol, a rivalidade não existe apenas entre clubes. Confrontos como Brasil-Argentina, Portugal-Espanha, Alemanha-Itália ou Itália-Brasil centram as atenções em si mesmos, mas a segunda vaga do futebol também está repleto de rivalidades exacerbadas que levam a que o jogo seja uma autêntica afirmação de identidade.

Falo do México-Estados Unidos. O futebol nos EUA é relativamente recente, mas cedo foi criada a maior rivalidade da CONCACAF. Esta madrugada, no Reliant Stadium (Houston, Texas), 70 mil pessoas assistiram ao empate a dois golos num jogo que teve o ambiente mais espectacular que já vi num estádio de futebol. O facto do estádio ser totalmente coberto muito ajudou, mas a verdade é que, sendo um jogo particular, parecia estar-se a disputar uma autêntica final.

Numa perspectiva muito segmentada, o onze estado-unidense apresentou-se com um esquema de 4x2x2x2, ou seja, quatro defesas, dois médios mais centrais, dois alas e dois avançados. Na baliza, Tim Howard.

Howard é actualmente um dos esteios da equipa. Com passagem pelo Manchester United, o actual guarda-redes do Everton realizou uma excelente exibição com um punhado de boas defesas. Ocupando bem o espaço entre os postes, negou dois golos a Arce com defesas espectaculares. É um dos mais experientes da equipa, o que ajuda a valorizar ainda mais o seu papel na selecção.

Na defesa, Moor na direita, Corrales na esquerda e Onyewu e Bocanegra no centro. Os laterais são o grande calcanhar de aquiles da equipa. Na direita Moor foi interveniente directo nos dois golos sofridos pela equipa na partida contra o México. Contudo compensa, se se puder utilizar a palavra compensa num caso destes, com a propensão ofensiva. Bom a atacar, foi dele o cruzamento para o cabeceamento vitorioso de Jozy Altidore. Na esquerda Corrales é muito mais tímido no processo ofensivo.

Bocanegra e Onyewu complementam-se na perfeição. O primeiro é mais regular, inteligente no posicionamento, bom tempo de corte... o verdadeiro patrão da equipa. Já Onyewu, mais jovem, começa a confirmar as credenciais que o fizeram estar na mira dos grandes ingleses. Bastante alto e forte, o jogo de cabeça a atacar é uma enorme vantagem. Outra peculiaridade: muita força nos lançamentos laterais.

À frente da defesa, Ricardo Clark e Bradley. O primeiro é campeão da MLS ao serviço dos Houston Dynamo. Médio centro completo, ocupa toda a faixa central do terreno e integra, em velocidade, o ataque. Forte no confronto físico. Já Bradley é mais discreto e mais técnico. Esteve pouco em jogo.

As alas aliam a experiência com a irreverência. Do lado direito, Landon Donovan é considerado um dos melhores jogadores de sempre da selecção. Já sem ter a velocidade de 2002, por exemplo, teve uma mutação enquanto jogador semelhante à de Figo, pese o sacrilégio. Decisivo, carrega a equipa às costas e começa a variar para o centro do campo cada vez mais com maior frequência. Fortíssimo nas bolas paradas. Do lado contrário, Bobby Convey é considerado o Donovan do futuro, mas canhoto. Rápido, boa técnica e com um futuro muito promissor à sua frente. Ainda assim, não teve um jogo propriamente famoso.

No ataque, Dempsey e outra esperança: Jozy Altidore. Pouco em jogo, Dempsey acabou por ser ofuscado pela estreia a titular, na terceira internacionalização, de Altidore. Já foi aqui abordado aquando dos New York Red Bulls, mas normalmente os grandes jogadores, os predestinados, têm sempre grandes estreias. Longe de assemelhar os talentos de cada um, foi assim com Pelé, Eusébio, Simão... entre muitos outros. Altidore estreou-se e marcou de cabeça num gesto de excelente execução.

Com características que não se limitam à de "avançado", pode tornar-se um caso sério no futuro. Para já os Red Bulls safaram-se de uma possível transferência para o Fulham. Para já, acrescento, porque a Inglaterra não ficará muito mais tempo sem contar com este jogador.

Vindos do banco, destaque para Adu e Edu. Adu continua a ser um dos meninos dos olhos da plateia, com fintas de levantar o estádio. Agora que saiu dos EUA e joga no Benfica os regressos são sempre muito saudados. Já Edu, no meio-campo, impressiona pela maturidade. Bastante jovem também, está na linha de sucessão de Convey, Adu e Altidore na lista de jovens promissores. A seguir...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

MÉXICO
O estreito de Magallón

No mundo do futebol, a rivalidade não existe apenas entre clubes. Confrontos como Brasil-Argentina, Portugal-Espanha, Alemanha-Itália ou Itália-Brasil centram as atenções em si mesmos, mas a segunda vaga do futebol também está repleto de rivalidades exacerbadas que levam a que o jogo seja uma autêntica afirmação de identidade.

Falo do México-Estados Unidos. O futebol nos EUA é relativamente recente, mas cedo foi criada a maior rivalidade da CONCACAF. Esta madrugada, no Reliant Stadium (Houston, Texas), 70 mil pessoas assistiram ao empate a dois golos num jogo que teve o ambiente mais espectacular que já vi num estádio de futebol. O facto do estádio ser totalmente coberto muito ajudou, mas a verdade é que, sendo um jogo particular, parecia estar-se a disputar uma autêntica final.

Orientado por Hugo Sánchez, o México jogou num típico 4x4x2 pouco simétrico. Na baliza, Ochoa fez a estreia em jogos frente aos Estados Unidos. Sofreu dois golos de cabeça em que nada poderia ter feito, exibindo-se a um bom nível. Não sendo alto, esteve bem nos cruzamentos, mas parece estar ainda longe de Oswaldo Sánchez.

O quarteto defensivo actuou com Castro na direita, Salcido na esquerda e Márquez e Magallón. Márquez, central do Barcelona, dispensa apresentações, enquanto o trabalho de Salcido tem vindo a ser cada vez mais reconhecido. Defesa completo, joga em diversas posições e sabe subir no terreno. Um dos pontos fortes da selecção. Do lado contrário, Castro tem mais dificuldades, especialmente com adversários rápidos (levou muitas vezes com Jozy Altidore).

O destaque acabou por ser, no entanto, o desconhecido Magallón. Não foi excêntrico na forma como cumpriu no sector defensivo e apontou dois golos, ambos em lances de bola parada, em que surgiu cirurgicamente ao segundo poste, levando a melhor sobre o opositor directo: Moor. No final do encontro, com a humildade que o caracteriza, deu pouco ênfase ao bis, não desprezando no entanto a motivação que daí advém.

No centro do meio-campo, Gerardo Torrado e Pardo. Torrado, que chegou a estar à experiência no Benfica, é um jogador mais fixo, com tarefas especialmente defensivas, enquanto Pardo tem a responsabilidade de fazer o ataque mexer. No 3x5x2 de La Volpe, Pardo tinha mais liberdade ofensiva, mas as características completas que possui não o limitam tanto como poderia ser compreensível. Desequilibra no passe longo e nas bolas paradas. Depois, há ainda Arce pelo lado direito e Vela do lado esquerdo.

Vela, esperança mexicana que esteve no Canadá sub'20, é mais ofensivo, mais rápido, mais tecnicista, mas não teve muitas facilidades. Acabou por dar o lugar a Giovani dos Santos. Muito forte tecnicamente e com grande velocidade, ajudou a dar mais velocidade à partida. Do lado contrário, Arce não actua tanto para a frente, preferindo procurar zonas mais interiores do terreno sem descurar, no entanto, a zona de finalização.

Na frente de ataque, Bautista ao lado de De Nigris. Dois jogadores relativamente desconhecidos, mas que sobressaem pela técnica com bolas. Não são necessariamente homens de área, mas são excelentes referências para um ataque continuado e apoiado que Pardo possa optar.

CERRO PORTEÑO
Vandalismo sai caro

O Cerro Porteño viu o sonho da Libertadores cair por terra no Defensores del Chaco. Depois de perder por 1-3 em Belo Horizonte com o Cruzeiro, a equipa paraguaia voltou a perder, desta vez por 2-3, mas num jogo que terminou a meio da segunda parte devido ao grupo de vândalos que atirou desde pedras a garrafas para o relvado.

O avançado César Ramírez, jogador do Sporting na segunda metade da década de 90, é uma das referências da equipa. Apesar de estar mais velho, surge mais móvel e em melhor forma do que o aspecto largo e pesado com que se apresentava nos relvados portugueses.

A segunda linha ofensiva, atrás de Ramírez, é um dos grandes trunfos do Cerro. Do lado esquerdo, Marcelo Estigarribia foi um dos elementos em maior enfoque, com jogadas rápidas, boas movimentação e desmarcações da esquerda para o centro. Numa tendência cada vez mais antiga, gostava de conquistar a linha de fundo para o cruzamento.

No lado contrário está Lorgio Álvarez, a grande figura deste encontro ao apontar os dois golos. Não surge tão encostado à linha e é perito em aproveitar os espaços abertos deixados pelas movimentações de Ramírez. Bom tecnicamente, demonstrou frieza no momento de finalizar.

Pelo centro, Christaldo é o apoio mais próximo de Ramírez, mas é Cáceres quem faz o jogo rodar. É o "playmaker" da equipa, bom no passe e na definição da jogada. Como pivot defensivo surge Britez. A defesa, frágil, é composta por Rojas, na direita, Nuñez, na esquerda, e Perez e Cabrera no centro.

Nuñez foi quem mais se destacou no quarteto defensivo, especialmente pelo que fez ofensivamente. No entanto, foi dos que mais nervosismo apresentou a defender. Diego Barreto é o dono da baliza. Com algumas limitações no 1x1 com o avançado, posiciona-se bem entre os postes. Exibições irregulares, tanto no Mineirão como no Defensores del Chaco.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

TURQUIA
Algumas notas precoces

A selecção turca realizou hoje a primeira partida de preparação tendo em vista o Europeu que a Suíça e Áustria vão organizar. Num jogo com poucas rotinas, frente à Suécia, deu para tirar umas primeiras notas, muito precoces ainda, sobre o tipo de futebol que Portugal vai enfrentar na primeira semana de Junho.

  • Defesa forte fisicamente, possante, mas com dificuldades a enfrentar adversários mais móveis e tecnicistas. Um possível trunfo para os nossos extremos
  • Um pivot de meio-campo: o brasileiro naturalizado turco Mehmet Aurélio. A dinâmica que impõem no terreno obriga a que um jogador (Mehmet) funcione como o balanço da equipa
  • Uma linha de quatro médios atrás de um avançado que não é referência fixa. Emre, os dois Altintop, Bastürk e Nihat têm liberdade para a movimentação
  • Os últimos vinte metros de cada flanco são esquecidos: bom para os laterais portugueses que, ainda assim, serão obrigados a jogar mais pelo meio. Paulo Ferreira e Caneira ganham vantagem neste aspecto. Muita atenção também para o médio-defensivo português
  • Nihat é o mais perigoso: rápido, com os dois olhos postos na baliza, não desiste dos lances e tenta a recuperação logo no ataque
  • Privilégio do ataque pelo flanco direito, onde o lateral é mais ofensivo do que no lado contrário

FRANÇA "B"
Fazer render o bleu

Há não muito tempo Portugal decidiu criar uma espécie de Selecção B de forma a dar oportunidades aos jogadores que, não tendo necessariamente espaço nos 23 principais, poderiam ser alternativas válidas caso surgissem lesões ou tivessem uma evolução extraordinária. Agora, Scolari vai chamando um terceiro guarda-redes mais jovem simulando esta situação, mas a verdade é que o jovem sportinguista só treina, não é utilizado. No entanto, verdade seja dita: Portugal consegue ter um conjunto de 28, 29, 30 jogadores de qualidade elevada, mas depois há uma grande quebra.

Outros países há, no entanto, que mantêm a aposta. No último ano, com uma frequência elevada, Domenech decide convocar entre 30 a 40 jogadores, marcando dois jogos particulares, normalmente em dias seguidos. Isto permite ao técnico acompanhar de melhor forma as alternativas, dar-lhes rodagem, dar-lhes ambiente de selecção, dar-lhes ânimo e motivação de estarem a ser observados. Hoje, a França "B" jogou com a República Democrática do Congo, uma das ausências da CAN, e não foi além de um empate a zero.

Numa perspectiva rápida, jogou com o guarda-redes Mandanda (22 anos, Marselha), a defesa com Sagna (24 anos, Arsenal), Méxes (25 anos, AS Roma), Boumsong (28 anos, Lyon) e Clichy (22 anos, Arsenal), meio-campo com Flamini (23 anos, Arsenal), Diarra (26 anos, Bordéus), Rothen (29 anos, PSG) e Nasri (20 anos, Marselha), sendo a dupla de ataque constituída por Jimmy Briand (22 anos, Rennes) e Djibril Cissé (26 anos, Marselha). Entraram o guarda-redes Hugo Lloris (21 anos, Nice), Jérémy Ménez (20 anos, AS Monaco) e Gäel Givet (26 anos, Marselha).

À primeira vista não é uma equipa necessariamente jovem. Nasri e Ménez com 20 anos são os elementos mais jovens, mas convivem com jogadores mais experientes como Rothen (29), Boumsong (28 e capitão nesta partida) e Cissé (26). Destaque para a forte presença de elementos do Arsenal. Arsène Wenger é um profundo conhecedor do futebol de formação francês e daí não se estranha as apostas em Sagna, Clichy e Flamini. Exceptuando Cissé, que é perseguido pelo azar, nenhum deles é presença assídua na selecção principal, mas essa tendência não se seguirá por muito mais tempo.

Há ainda espaço para aqueles que sendo promissores enquanto jovens não têm desenvolvido o suficiente para serem jogadores de selecção. Ou seja, os jogadores não são imediatamente rejeitados e dispõem de novas oportunidades. Mèxes é um caso, mas o avançado Jimmy Briand também precisa de confiança para explodir. Não será um Trezeguet ou Henry, mas tem capacidades para ser um avançado perigosíssimo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

ÁFRICA DO SUL
Sem perspectivas de melhoria

Parece um ponto assente que a África do Sul só vai estar no Mundial'2010 porque é o país organizador. A selecção que começou a entrar nas bocas do mundo com o Mundial de França é hoje uma selecção fraca, sem figuras e sem colectivo. Actualmente, no continente africano, a África do Sul não está entre as dez melhores selecções, muito menos nos cinco que costumam garantir o apuramento.

Além das oito selecções qualificadas para os quartos-de-final da CAN, a África do Sul não será melhor que Marrocos, Mali, Zâmbia (veja-se o resultado de 2006) e Senegal. E há ainda as ausentes RD Congo e Togo que não devem ficar atrás dos Bafana Bafana.

Com Carlos Alberto Parreira no comando técnico e Benny McCarthy deixado de fora, a África do Sul teve uma passagem discreta pela CAN. Melhor do que há dois anos em que contou por derrotas os jogos disputados, os dois empates não foram, no entanto, motivos de festa. Com o experiente Sibusiso Zuma a levar a equipa às costas (é o elemento mais experiente e o melhor tecnicamente), Parreira teve ainda em Van Heerden (o jogador que deu os dois pontos aos Bafana Bafana) um elemento bastante útil.

De resto, pouco ou nada se viu. Em 2006, havia Nomvete, Mokoena (o extremo), McCarthy e outros que poderiam deixar a ideia que quatro anos seriam suficientes para construit a base da equipa. Puro engano. Como já li aqui a África do Sul tem que melhorar muito se não quiser ser considerada a "Áustria do Mundial".

Estatísticas:
  • Dos 23 jogadores convocados por Carlos Alberto Parreira, cinco não chegaram a ser utilizados: os guarda-redes Rowen Fernandes e Khune, os defesas Fransman e Nhlapo e o avançado Excellent Walaza.
  • Três actuaram os 270 minutos possíveis: o guarda-redes Josepha, o defesa Mokoena e o médio Modise
  • Sibusiso Zima não foi totalista por apenas um minuto, sendo substituído no derradeiro jogo
  • Steven Pienaar, uma das figuras da equipa, actuou apenas 161 minutos, falhando o terceiro jogo
  • Três jogadores foram admoestados com o cartão amarelo: nenhum repetente
  • Dos três golos apontados, dois foram de Van Heerden (em 154 minutos) e um de Mphela (30 minutos)
  • Os dois primeiros golos foram apontados por suplentes que tinham acabado de entrar: Van Heerden a 19 minutos do fim e Mphela a meia hora
  • Mphela jogou apenas 30 minutos contra a Tunísia, marcando um golo

ZÂMBIA
Um passo de cada vez

A selecção da Zâmbia é um exemplo de preserverança, capacidade de recuperação e crescimento gradual. Depois do acidente aéreo que vitimou praticamente toda a equipa na década de 90, os zambianos estiveram vários anos para conseguir reformular a equipa. Para isso, Kalusha Bwalya, figura incontornável da selecção que não se encontrava no avião, foi decisivo. Há dois anos foi ele que orientou a Zâmbia no Egipto, desbravando o caminho para o futuro que é seguido agora por Patrick Phiri.

Se há dois anos a Zãmbia conseguiu apenas uma vitória frente à frágil África do Sul, nesta edição os Chipolopolos estiveram bastante melhor, pecando apenas pelas fragilidades defensivas. Ainda assim, quatro pontos foram suficientes para Nigéria e Guiné-Conacri apurarem-se. No caso da Zâmbia não.

Começando por trás, a Zâmbia tem uma selecção muito permeável. Com uma exibição desastrosa frente a Camarões, ficou a perceber-se qual deverá ser a grande prioridade para os próximos anos. A goleada sofrida foi humilhante em termos de números e pela forma como os golos foram aparecendo, mas a postura zambiana no ataque durante a segunda parte merecia bem melhor.

Do meio-campo para a frente as coisas são diferentes. Sem contar com nenhuma figura de alto nível internacional, a Zâmbia tem um conjunto de soluções bastante valiosas capazes de resolver os jogos nos momentos complicados. Falo essencialmente de Chris e Felix Katongo, de Ian Bakala, de Jacob Mulenga e James Chamanga.

Felix Katongo (Rennes) foi a grande figura da equipa na CAN. Com 23 anos actualmente, estreou-se na selecção em 2003 evidenciando desde logo a grande capacidade técnica e de remate, tanto com o pé direito como com o pé esquerdo. Muito versátil na frente de ataque, é considerado como uma das maiores esperanças para o futuro.

Chris Katongo (Brondby) é o irmão mais velho de Felix. Menos móvel que o irmão, Chris não tem no entanto uma posição definida, dependendo muito do técnico. No Brondby actua nas costas do avançado, mas também consegue desempenhar o papel de ala ou de único avançado.

James Chamanga (Moroka Swallows) não é tão apreciado como os irmãos Katongo e esteve próximo de não ser convocado, mas não desilude quando é chamado. Com um remate forte e bom no jogo de cabeça, Chamanga mostra ser uma excelente alternativa para Phiri. É o principal ponto de referência no ataque, o jogador mais fixo.

Jacob Mulenga (Estrasburgo) é outro dos elementos que jogam na ala. Rápido e inteligente a aproveitar as diagonais, surge frequentemente em zona de finalização, aproveitando os espaços criados pelas movimentações de Katongo e Chamanga.

Ian Bakala (1.º de Agosto) é, possivelmente, o que menos reconhecimento tem na selecção dos nomes referenciados até ao momento, mas foi uma das principais surpresas da CAN. Na retina, fica a excelente segunda parte frente aos Camarões, onde este "baixinho de tranças" conseguiu fazer o que quis dos adversários tendo em vista a redução da desvantagem. Foi insuficiente, mas criatividade e magia não lhe falta.

Estatísticas:
  • Dos 23 jogadores convocados por Patrick Phiri, quatro não chegaram a ser utilizados: os guarda-redes Kakonje e Poto e os defesas Kasonde e Chinyaman
  • Cinco jogadores actuaram os 270 minutos possíveis: Mweene (guarda-redes), Hachilensa, Mwanza e Musonda (defesas) e Feliz Katongo (médio)
  • A equipa foi admoestada com quatro cartões amarelos: Feliz Katongo foi repetente, mas não foi suspenso, já que o segundo foi visto no terceiro jogo
  • Com cinco golos apontados, o avançado Chris Katongo foi o melhor marcador (2 em 2 jogos). Os restantes foram apontados por Felix Katongo, James Chamanga e Jacob Mulenga
  • Dois jogadores actuaram sete minutos em jogos distintos: Clifford Mulenga contra o Sudão e Njovu contra Camarões

SUDÃO
O regresso às grandes lides

O excelente desempenho no grupo 4 da fase de qualificação, em que o Sudão conquistou o primeiro lugar com 5 vitórias e uma derrota, vencendo o grupo à frente de Tunísia, Seychelles e Ilhas Maurícias, anteviam que o maior país africano poderia ambicionar a um regresso positivo às lides das competições internacionais, que estavam ausentes desde 1976.

No entanto, o grupo C com os "tubarões" Egipto e Camarões dificultaram tudo. A selecção formada com 12 jogadores do Al Hilal e 11 do Al Merreikh tinha no primeiro jogo, contra a Zâmbia, a grande oportunidade de brilhar, mas um golo sofrido logo nos instantes iniciais deitou por terra as perspectivas que Mohamed Abdallah tinha para a partida.

Frente ao Egipto, os sudaneses aguentaram-se até ao final da partida com uma desvantagem por 0-1, acabando por sofrer mais dois golos num curto espaço de tempo e contra os Camarões voltaram a não ter argumentos.

Numa altura que as equipas do Sudão voltam a conquistar espaço no futebol africano, é possível que também a selecção possa voltar a marcar presença, já daqui a dois anos em Angola.

As dificuldades organizativas, a falta de "emigrantes" e as deficientes condições do país poderão, contudo, dificultar o crescimento progressivo e sustentado.

Estatísticas:
  • Dos 23 jogadores convocados por Abdallah, quatro não chegaram a ser utilizados: os guarda-redes Baheldin Abdallah e El Hadi Salem e o defesa Al Basha (todos do Al Merreikh) e o defesa Khalid Hassan (Al Hilal)
  • Quatro jogadores foram totalistas: o guarda-redes El Moez, o defesa Al Khider e os médios Lado e Haitham Mostafa (todos do Al Hilal)
  • Sete jogadores foram admoestados com o cartão amarelo, não havendo qualquer repetente
  • A equipa foi penalizada com duas penalidades contra, ambas convertidas: uma por Hosny (Egipto) e outra por Eto'o (Camarões)
  • Sem marcar qualquer golo, o Sudão foi a única equipa a sofrer um autogolo na primeira fase: Ali Khider no encontro com os Camarões
  • Os 11 elementos do Al Merreikh actuaram, no total, 1093 minutos. Já os do Al Hilal jogaram os restantes 1877.
  • Curiosamente, todos os elementos do ataque da selecção actuam no Al Merreikh

domingo, 3 de fevereiro de 2008

COPA REVANCHA
River Plate leva título à letra e derrota Boca Juniors

Para início de época, parece que o River Plate tem mais motivos para sorrir do que Boca Juniors. Se os xeneizes saíram vitoriosos do encontro do Pentagonal de Verão, foram os millionarios que conquistaram o troféu. Agora, na Copa Revancha, o River Plate levou o título do troféu à letra e vingou-se com uma vitória por 3-2, num jogo espectacular a todos os níveis.

Cinco golos, quatro expulsões, duas grandes penalidades, duas lesões e um estádio em Mendoza repleto de adeptos. Um autêntico dérbi mundial. Se juntarmos a isto o facto de ser apenas um jogo particular de pré-época consegue perceber-se a real dimensão e importância do momento.

Nesta partida, o Boca Juniors voltou a entrar mais forte que o adversário e Carlos Ischia pensou que iria ter uma partida fácil quando Palletta inaugurou o marcador de cabeça após livre de Dátolo e, pouco depois, Palermo quase fez o segundo de cabeça. No entanto, o River Plate, que parecia inerte até então, reagiu de forma esclarecedora e o colombiano Radamel Falcao restabeleceu a igualdade de forma primorosa após uma excelente assistência de Alexis Sánchez. Até ao intervalo, o River marcou mais duas vezes: Sebastián Abreu e Ariel Ortega, de grande penalidade, no lance que ditou a expulsão de Alvaro González. Na origem da jogada, um lance fabuloso de Alexis Sánchez que ultrapassou quatro adversários até ser alegadamente carregado em falta dentro da área.

Na segunda parte, o Boca voltou a entrar melhor e conquistou uma grande penalidade, também ela duvidosa que resultou na expulsão de Ferrari. Palermo converteu. O resultado final já estava fixado, mas até ao último apito houve ainda tempo para as expulsões de Leo Ponzio e Gustavo Cabral, ambos do River Plate, e para as lesões de Alexis Sánchez (pulso esquerdo) e Lucas Castromán - ao que tudo indica uma lesão muscular numa perna.

River Plate
Diego Simeone tem um longo trabalho pela frente. A grande estrela da equipa Fernando Belluschi abandonou e, neste momento, o técnico tem apenas um punhado de jogadores jovens com muito futuro. Falta alguém que consiga dar maior estabilidade e poder de desequilíbrio à equipa. Os jovens Alexis Sánchez, Buonanotte e Falcao são bons, mas ainda não suficientemente regulares.

Para esta partida, Simeone surgiu com o habitual sistema de 3x3x1x3 que tem vindo a implementar. Carrizo está de pedra e cal na baliza e a defesa é composta por Ferrari, Gustavo Cabral e Eduardo Tuzzio. O reforço Cabral, oriundo do Racing, parece estar a ambientar-se bem e poderá contribuir para uma defesa mais sólida.

No meio-campo, começo por Villagra. Lateral esquerdo que joga com o pé direito, surgiu mais adiantado no terreno e não se limitou a actuar por um dos flancos. Sem ser um jogador esplendoroso, cumpre defensivamente e não é tosco nenhum no ataque. Fixo à frente do trio defensivo está Ahumada. Jogo para esquecer para ele, pois a dificuldade de Ferrari em suster Palacio levou a que descaísse em demasiado para a ala direita. Depois há ainda Leo Ponzio, jovem irreverente. O mais ofensivo do trio do meio-campo. Na ligação para o trio ofensivo, resiste o Burrito Ortega. A classe não tem limites nem idade. Enquanto estiver "fresco" e livre de problemas com álcool pode continuar a contribuir.

Finalmente, o ataque. O avançado Sebastián Abreu é o mais fixo. Surge com responsabilidades muito semelhantes às que Farías desempenhava na equipa, mas traz maior mobilidade. Mobilidade essa que os jovens Alexis Sánchez, chileno endiabrado, e Radamel Falcao, colombiano letal nas movimentações, oferecem na perfeição.

Desta feita, houve pouco tempo para ver Archubi, um reforço vindo do Lanús via-Olympiacos no negócio Belluschi. Poderá trazer maior solidez.

Boca Juniors
O ponto fraco é o treinador, indiscutivelmente. O campeonato ainda não começou e Carlos Ischia já é perseguido por um rol de críticos que não esquecem a campanha desastrosa ao serviço do Rosario Central. A vitória por 2-0 com o River foi um balão de oxigénio, mas a derrota de hoje poderá complicar ainda mais as coisas.

A nível de plantel, nada a apontar. O regresso de Riquelme é, por si só, suficiente, no entanto a equipa soube manter todos os grandes jogadores, à excepção de Banega que, ainda assim, não parece ser muito sentido. O esquema mantém-se fiel ao 4x4x2.

Com Migliore na baliza, o quarteto defensivo foi formado por Alvaro González, Paletta, Cáceres e Monzón, o jovem promissor oriundo dos juniores. Com Ibarra e Morel Rodríguez de fora, não se pode dizer que tenha acusado em demasia. Destaque para Monzón. Alto e possante, está longe de ser o típico lateral argentino, mas demonstra excelentes pormenores. Não é prodigioso a nível técnico, mas compensa com a garra que emprega a cada lance e a velocidade com que sobe no terreno com a bola controlado. Pode vir a tornar-se um caso sério.

No meio-campo, a fórmula de sucesso habitual. Battaglia como pivot, ocupando o lugar de Gago e Banega no passado, Ledesma pela direita, Jesus Dátolo pela esquerda e Leandro Gracián no centro. Mesmo com a ausência de Riquelme, não faltam opções criativas à equipa. Com Dátolo e Gracián em campo, o ataque tem duas excelentes opções, mas não se pode esquecer Neri Cardozo, provavelmente o que mais potencial tem dos três.

No ataque, Palermo e Palacio dispensam apresentações. Vindo do banco neste jogo há a destacar Lucas Castromán. Polivalente, não tem de actuar necessariamente no ataque como fazia no Vélez Sarsfield, especialmente havendo Palermo e Palacio. Se a equipa estiver em desvantagem, os três podem coexistir sem problema e criar dificuldades acrescidas às defesas adversárias.

Basicamente, o Boca Juniors afigura-se como o maior candidato ao título. É a equipa com o melhor jogador (Riquelme), a melhor dupla de avançados (Palermo-Palacio), o plantel mais equilibrado e mais coeso. Poderá faltar treinador, mas ainda assim... Ischia quase só tem de escalar onze e dar-lhes liberdade para resolverem os jogos alternadamente.

MALI
Na senda do exemplo togolês

Em 2006, o Togo entrou no panorama desportivo pelas boas e pelas más razões. Antes de tudo garantiu a presença histórica no Mundial. No entanto, os sinónimos mais adequados para a participação togolesa na prova são a desorganização, amadorismo e Saltillo.

Na CAN, com Jean-François Jodar como treinador, a postura não foi muito diferente. O caso Sissoko-Kanouté é um dos mais exemplificativos. Empate ao intervalo no último jogo com obrigatoriedade dos três pontos. Que fez Jodar? Retira Kanouté e lança Sissoko.

Explicação primeira - Kanouté está tocado. Então, mas porquê a colocação de um médio com maior vocação defensiva?
Explicação segunda - Suster o ímpeto marfinense no meio-campo. Então, mas Jodar esqueceu-se que se a Nigéria marcasse o Mali estava obrigado a vencer?
Explicação terceira e a minha favorita - Dois pesos e duas medidas. Kanouté não gostou da forma como o processo de transferência de Sissoko do Liverpool para a Juventus, com ausência nas vésperas do jogo decisivo, foi conduzida e pegou-se com Jodar ou mesmo com Sissoko.

Passando à frente... o Mali prometia, mas não conseguiu. Após a vitória sobre o Benim na primeira jornada (golo de Kanouté de grande penalidade), as Águias tiveram duas oportunidades de garantir o apuramento. Com a Nigéria empataram a zero. Com a Costa do Marfim perderam.

O "polígono" de sucesso maliana teria de assentar obrigatoriamente em Seydou Keita, Sissoko, Diarra e Kanouté. Pois bem... Keita e Kanouté foram titulares nos três jogos, mas Sissoko falhou o primeiro e Diarra falhou o terceiro por suspensão, num jogo em que Kanouté e Sissoko não actuaram simultaneamente.

Perdida a força, a coesão da equipa, seria necessário haver brilho, velocidade, desequilíbrio, alguma coisa. Resultado? Houve extra-cuidado defensivo de Jodar (três centrais contra a Costa do Marfim), mas não houve nada do resto.

Nota positiva para as actuações dos defesas Adama Coulibaly (Lens) e Cédric Kanté (Nice).

Estatísticas:
  • Dos 23 jogadores convocados por Jean-François Jodar, quatro não chegaram a ser utilizados: Soumbelya Diakité e Oumar Sissoko (guarda-redes), Moussa Coulibaly e Sidiki Koné (defesas)
  • Três jogadores totalistas: Sidibé (guarda-redes), Cédric Kanté (defesa) e Seydou Keita (médio)
  • Os jogadores do Mali viram por cinco vezes o cartão amarelo. Diarra foi o único repetente e falhou o terceiro jogo
  • Um golo em 270 minutos apontado de grande penalidade: Kanouté, quem mais?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

BENIM
Participação sem brilho

Não se podia pedir mais aos Esquilos. Um animal pacato, pequeno, que incomoda pouco junto das Águias, Super Águias e Elefantes. A grande vitória desta selecção foi, basicamente, conseguir o apuramento para a CAN. Eliminando o Togo e a Serra Leoa no grupo 9 da qualificação, o Benim reencontrou o Mali no grupo B.

Formada praticamente por desconhecidos, a selecção do Benim tinha em Razak Omotoyossi, avançado do Helsingborg a grande figura. Avançado possante, rápido e que gosta de explorar os espaços vazios, acabou por não ser suficiente para conseguir qualquer ponto. Depois da derrota com o Mali (0-1, Kanouté de grande penalidade) e 1-5 com a Costa do Marfim, os Esquilos também não conseguiram deter a Nigéria (0-2).

O capitão desta equipa é Oumar Tchomogo, jogador do Portimonense. Forte fisicamente, foi uma das figuras do V. Setúbal de Norton de Matos, juntamente com Sirmana Dembelé. Com boa qualidade técnica e remate fácil, a idade começa a castigar.

Por outro lado, a curiosidade da selecção foi a convocação do defesa Alain Gaspoz. Numa altura que pensava já ter terminado a carreira, limitando-se à função de jogador-treinador do Bagnes da Suíça, Gaspoz foi um dos pilares da defesa, actuando nos três jogos como titular.

Estatísticas:
  • Dos 23 jogadores convocados pelo técnico alemão Reinhard Fabisch, seis não chegaram a ser utilizados: Djidonou, Rouga, Bio Ai Traore, Djiman Koukou, Soglo e Ouzerou
  • Apenas três jogadores actuaram os 270 minutos possíveis: o defesa Abdul Adenon (ASEC Abidjan), o médio Boco (Accrington Stanley) e o avançado Omotoyossi (Helsingborg)
  • O único golo apontado pela equipa foi da autoria da grande estrela: Omotoyossi
  • Os jogadores do Benim viram o cartão amarelo por cinco vezes: Adenon, Chrystosome, Gaspoz, Oketola e Sessegnon
  • O "português" Oumar Tchomogo, capitão da equipa, foi titular nas três partidas, falhando apenas os vinte minutos finais do primeiro encontro para dar lugar Abou Maiga
  • O Benim foi castigado com uma grande penalidade, logo na primeira partida frente ao Mali. Kanouté não desperdiçou