terça-feira, 20 de novembro de 2007

NEW ENGLAND REVOLUTION
A terrível herança dos Red Sox

Shalrie Joseph desiludido após nova derrota
Começa a parecer destino. Os New England Revolution lograram alcançar a quarta final da MLS Cup, a terceira consecutiva, mas mais uma vez, apesar de terem estado a vencer, acabaram por perder. Em New England, começa a pairar o fantasma que amaldiçoou a equipa de basebol dos Boston Red Sox, durante os 86 anos que estiveram sem ganhar um título.

À semelhança de outras equipas norte-americanas aqui analisadas, os Revolution actuam num sistema de três centrais, embora as restantes variantes sejam ligeiramente diferentes. Ao invés dos laterais que fazem toda a ala e apenas um pivot defensivo no meio-campo, como os LA Galaxy, os Revolution jogam com dois médios mais defensivos, para de seguida apresentar nova linha de três médios, de características mais ofensivas que apoiam dois avançados.

E é exactamente na frente que reside o espírito da equipa, o internacional norte-americano Taylor Twellman, ou Double-T como é conhecido entre os adeptos. Melhor marcador da equipa, foi ele que levou a equipa às costas na fase final. Marcou o golo aos New York Red Bulls que deu a vitória nas meias-finais de conferência, marcou o fabuloso golo de pontapé de bicicleta com que os Revs venceram a conferência frente aos Chicago Fire e, como não podia deixar de ser, foi ele que marcou o primeiro golo da final com os Houston Dynamo, que acabariam por perder 1-2.

Num total de 93 golos na MSL, Twellman foi o garante da equipa ao longo da época. Ao seu lado, Noonan é um avançado que beneficia das movimentações de Double-T e da atenção que os centrais adversários lhe dão.

No meio-campo, Shalrie Johnson, natural de Grenada, assume destaque principal. Forte fisicamente, completo a defender e atacar, faz lembrar o brasileiro Emerson que passou por Belenenses e FC Porto durante a década de 90. É ele quem se encarrega de levar o jogo da defesa para o ataque, enquanto ao seu lado, Larentowicz é um jogador mais fixo.

No meio-campo mais ofensivo, Thompson pela direita, Smith pela esquerda e Ralston no meio movimentam-se constantemente para abrir espaços, não se limitando à posição inicial.

Na defesa, destaca-se a experiência de Heaps e do trinatário Avery John, enquanto no centro da defesa, o jovem Michael Parkhurst com 23 anos começa a ganhar espaço no futebol norte-americano, tendo inclusive já sido chamado à selecção.

Ao que tudo indica, o central poderá estar a caminho de representar os londrinos do Fulham já em Janeiro.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

CHICAGO FIRE
Onde as esperanças de Beckham caíram por terra

Depois de uma fase negra desde a chegada de David Beckham, os LA Galaxy conseguiram uma impressionante série de sete jogos sem perder, que lhes permitia encarar o último jogo com possibilidades de atingir os playoffs. Com Beckham e Abel Xavier no banco de suplentes, os LA Galaxy defrontavam os Chicago Fire, nos arredores de Chicago. À imagem da equipa de Los Angeles, Chicago também não perdia há sete jogos e procurava assegurar um lugar na próxima fase, bastando para isso o empate.

Para o derradeiro jogo, os Fire surgiram num esquema táctico com três defesas, cinco médios e dois avançados, com o natural destaque a incidir na grande estrela Cuauthemoc Blanco. O mexicano que maravilhou os adeptos do futebol no Mundial 98 com uma finta inovadora.

Basicamente, a equipa de Chicago define-se por uma defesa bastante organizado e um ataque pouco concretizador, apesar de criar inúmeras oportunidades de perigo. À frente do guarda-redes Pickens, três centrais destacam-se pela força e bom posicionamento: Brown, Robinson e Segares. Dada a apetência natural para as equipas da MLS actuar com dois avançados, jogar defensivamente desta forma acaba por ser o mais aconselhável.

À frente deste trio, Armas e Conde. O primeiro é um jogador experiente, mais fixo no meio-campo e de apoio nas tarefas defensivas, enquanto Conde aventura-se mais para o ataque, gostando de intervir na criação ofensiva, apesar de esse trabalho estar quase única e exclusivamente guardado para Cuauthemoc Blanco.

Para o futebol norte-americano, a grandeza de Blanco equipara-se à de Beckham. Com uma estrutura de marketing montada para incidir basicamente em si, Blanco não defrauda as expectativas em campo. Longe de ter a velocidade e a explosão de outros tempos, joga agora mais pelo centro, utilizando a experiência, visão de jogo e boa técnica de passe, quer curto quer longo. Pelo lado negativo, o lado de indisciplina. Fervendo em pouca água, reagindo mal às decisões dos árbitros e faltas sofridas.

Na frente de ataque, outro "peso-pesado", o costa-riquenho Paulo Wanchope. Com grande experiência como avançado, Wanchope utiliza a grande inteligência na desmarcação para desequilibrar. Gosta de recuar para jogar de costas para a baliza, utilizando os apoios de forma rápida e permitindo ao segundo avançado, Barrett, que explore os espaços criados pelos seus movimentos. No entanto, Barrett não prima pela qualidade. Demasiado perdulário em situações frente a frente com o guarda-redes, a grande vantagem é a rapidez com que surge nas costas da defesa.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Torneo Apertura - Jornada 15

Com quatro jornadas por disputar, o Independiente perdeu o lugar para o Lanús, no que toca a "underdog" com capacidade para suceder a Estudiantes e San Lorenzo. A regularidade impressionante que a equipa de Ramón Cabrero evidencia está a permitir consolidar um primeiro lugar que, no entanto, ainda tem grandes desafios pela frente, como é a deslocação a La Boca.
O Boca Juniors mantém-se próximo com a vitória no terreno do Racing, enquanto o River Plate parece ter-se despedido definitivamente depois de empatar em casa com o Independiente.

Lanús-Tigre, 2-1. Seis pontos conquistados numa única partida. José Sand abriu o caminho, apontando o 11.º golo no campeonato, mas Lázzaro respondeu. Na segunda parte, Fritzler marcou o tento que vale a liderança de três pontos e necessário afastamento do Tigre dos lugares da frente.

Racing-Boca, 0-3. A ferro e fogos. Depois de tantos deslizes, o Boca Juniors já não pode dar-se ao luxo de perder pontos. Contra La Academia, Miguel Russo respirou de alívio com uma vitória tranquila, graças aos golos de Neri Cardozo, Rodrigo Palacio e Martín Palermo, um dos melhores tridentes ofensivos do campeonato.

River Plate-Independiente, 1-1. Um clássico de Buenos Aires. Sem o fulgor de décadas anteriores, o resultado poderia decidir muita coisa. Matheu adiantou a equipa visitante no início do jogo, mas foi insuficiente para conseguir a vitória, já que Fernando Belluschi confirmou o excelente momento de época que atravessa, marcando mais um golo - 7 no total.

Estudiantes LP-Gimnasia LP, 1-0. Sem o brilho dos clássicos de Buenos Aires, o de La Plata é sempre escaldante e polémico, tal é a rivalidade entre os adeptos das duas equipas. Mais uma vez, o passado do Gimnasia LP foi derrotado pelo melhor clube da cidade actualmente. Salgueiro decidiu a partida com um golo aos 34 minutos.

San Lorenzo-Huracán, 1-1. Um clássico que não se assistia há algum tempo. Ramón Diáz não está a cumprir o que tinha prometido e a equipa está longe de apresentar as exibições e resultados que lhe valeram o último Clausura. Botinelli, pelo San Lorenzo, e Goltz, pelo Huracán, marcaram os golos da partida.

OS OUTROS JOGOS. Depois de um período titumbeante, o Banfield parece ter encontrado de volta o caminho dos bons resultados e venceu no terreno do San Martín por 1-0. O Rosario Central continua num estado desastroso e perdeu com o Arsenal por 0-1, enquanto o Olimpo conseguiu uma surpreendete vitória em Jujuy frente ao Gimnasia (3-0) que precipitou a saída do técnico Mario Gómez. Em Rosario, o Newell's empatou com o Colón a um golo, enquanto Damián Escudero apontou o primeiro golo da vitória do Vélez sobre o Argentinos Juniors.

domingo, 4 de novembro de 2007

AIK ESTOCOLMO
Quando os estrangeiros moldam o estilo de jogo

Outrora um dos grandes do futebol sueco, o AIK Estocolmo vive agora um período de maior acalmia, depois de uma fugaz passagem pela segunda divisão sueca. Para fazer a diferença e voltar a lutar pelo título (foi 2.º o ano passado), o AIK recorre sobretudo à qualidade de jogadores estrangeiros que moldam o futebol no meio-campo, conseguindo fazer a diferença nos jogos. Dulee Johnson é uma referência incontornável, mas Monsalvo, Stephenson ou Valdemarín também são importantes.

A actuar em 3x5x2, a importância dos laterais costuma ser decisiva. Neste aspecto, pode dizer-se que o AIK é uma equipa disforme a atacar. Do lado esquerdo, Patrik Karlsson é um jogador que se junta muito mais aos centrais do que Tamandi do lado contrário. De facto, Tamandi percorre toda a ala direita, libertando os médios interiores do lado direito de caírem nesses terrenos.

No entanto, toda a construção ofensiva do AIK Estocolmo tem origem num jovem jogador da Libéria. O futebol nórdico é pródigo em descobrir jogadores africanos e posteriormente lançá-los e, pelo andar da carruagem, não faltará muito para que Dulee Johnson, este acólito de George Weah, seguir os passos de, por exemplo, Obi Mikel.

Dulee Johnson é um "box-to-box", que gosta de ter liberdade para sentir a bola uma primeira vez, ainda que muito recuado para depois poder levar o jogo para a frente. Através de passe curto, em profundidade ou mesmo em corrida em progressão, Dulee Johnson desequilibra. Talento equilibrado como uma força natural acima da média que o torna também um excelente defensor, forte no confronto físico. Um jogador moderno.

Ao seu lado, há ainda o argentino Pablo Monsalvo. Com Dulee Johnson ao lado, Monsalvo perde preponderância, mas não deixa de se destacar pelo fino trato de bola, pelo posicionamento inteligente e boa técnica de passe. Descaído para o lado esquerdo do meio-campo, Mats Rubarth procura flectir para o centro do terreno para criar superioridade numérica com os dois do meio-campo.

Na frente de ataque, dois jogadores complementares. Lucas Valdemarín, argentino, e Khari Stepehenson, jamaicano. Se Valdemarín é um jogador que gosta mais de recuar, de tocar na bola e procurar o espaço, Stephenson é mais directo. Ágil na movimentação, rápido a sair da marcação, tem uma facilidade de remate impressionante. A forma tosca e atabalhoada com que parece controlar a bola tornam-no discutível, mas é impressionante a forma como sai de um lance desses para criar perigo com um remate imprevisível.

CSKA MOSCOVO
O declínio do império europeu de Gazzaev?

18 de Maio de 2005. Perante um Estádio José de Alvalade cheio, principalmente de sportinguistas, o CSKA Moscovo, orientado por um "afinal com bigode" Gazzaev, começava a perder a final da UEFA. Depois de eliminado pelo FC Porto na Liga dos Campeões, derrotado o Benfica em Krasnodar, os russos tinham aqui uma nova oportunidade de levar a glória para o leste europeu.

Na segunda parte, impulsionados por Berezutski, Zhirkov e Vágner Love, o CSKA Moscovo venceu a Taça e manteve a semana de terror para os sportinguistas. Gazzaev dava sinal de que tinha uma equipa com bom poder de compra, com força recentemente adquirida na Europa e com um poderio caseiro que poderia causar estrago. No entanto, parece continuar a faltar sempre algo na Liga dos Campeões.

Este ano, com Inter, Fenerbahçe e PSV, o CSKA tem as contas muito complicadas e parece que nem conseguirá chegar à Taça UEFA. Como se apresenta a equipa em campo?

As equipas de leste são fiéis admiradoras do 3x5x2. O Dínamo Kiev interpreta-o muito bem, o CSKA também, embora de outra forma. Os três centrais, os irmãos Berezutski e Ignashevich jogam já quase de olhos fechados, dando grande consistência. Ao contrário de esquemas semelhantes, o CSKA não tem flanqueadores defensivos. O quinteto do meio-campo moscovita actua como uma espécie de pentágono com base recuada.

Perante ataques de adversários pelos flancos, será um dos irmãos a cair na ala, recuando imediatamente Aldonin, um dos médios, à posição de central, passando a equipa a actuar com quatro "centrais", por assim dizer. Ao lado de Aldonin, Rahimic tem maior responsabilidade para fazer a transição entre a defesa e o meio-campo, mas essa responsabilidade só acusa real importância no trio composto por Krasic, Dudu Cearense e Zhirkov.

O sérvio Krasic, pela ala direita, desequilibra pela rapidez com que se empenha nos lances, com subtis mudanças de direncção que deixam os adversários para trás. Já Zhirkov, do lado contrário, gosta de ter mais a bola no pé. Auxilia Dudu Cearense no último terço do terreno e acaba por ser um jogador mais consistente que Krasic.

Dudu Cearense é o ponto de ligação à dupla de avançados. Jô, Daniel Carvalho, Vágner Love. As escolhas vão alterando, consoante as lesões e momentos de forma. Recorrendo à sempre discutível distinção entre "avançado" e "ponta-de-lança" poderá dizer-se que todos eles são mais avançados que o contrário. Boa movimentação, bons pormenores técnicos e fortes na finalização. Daniel Carvalho é o jogador mais refinado e chega a alinhar ao lado de Dudu Cearense para complicar a marcação e dividir o espaço de ligação à referência ofensiva.