A selecção da Zâmbia é um exemplo de preserverança, capacidade de recuperação e crescimento gradual. Depois do acidente aéreo que vitimou praticamente toda a equipa na década de 90, os zambianos estiveram vários anos para conseguir reformular a equipa. Para isso, Kalusha Bwalya, figura incontornável da selecção que não se encontrava no avião, foi decisivo. Há dois anos foi ele que orientou a Zâmbia no Egipto, desbravando o caminho para o futuro que é seguido agora por Patrick Phiri.
Se há dois anos a Zãmbia conseguiu apenas uma vitória frente à frágil África do Sul, nesta edição os Chipolopolos estiveram bastante melhor, pecando apenas pelas fragilidades defensivas. Ainda assim, quatro pontos foram suficientes para Nigéria e Guiné-Conacri apurarem-se. No caso da Zâmbia não.
Começando por trás, a Zâmbia tem uma selecção muito permeável. Com uma exibição desastrosa frente a Camarões, ficou a perceber-se qual deverá ser a grande prioridade para os próximos anos. A goleada sofrida foi humilhante em termos de números e pela forma como os golos foram aparecendo, mas a postura zambiana no ataque durante a segunda parte merecia bem melhor.
Do meio-campo para a frente as coisas são diferentes. Sem contar com nenhuma figura de alto nível internacional, a Zâmbia tem um conjunto de soluções bastante valiosas capazes de resolver os jogos nos momentos complicados. Falo essencialmente de Chris e Felix Katongo, de Ian Bakala, de Jacob Mulenga e James Chamanga.
Felix Katongo (Rennes) foi a grande figura da equipa na CAN. Com 23 anos actualmente, estreou-se na selecção em 2003 evidenciando desde logo a grande capacidade técnica e de remate, tanto com o pé direito como com o pé esquerdo. Muito versátil na frente de ataque, é considerado como uma das maiores esperanças para o futuro.
Chris Katongo (Brondby) é o irmão mais velho de Felix. Menos móvel que o irmão, Chris não tem no entanto uma posição definida, dependendo muito do técnico. No Brondby actua nas costas do avançado, mas também consegue desempenhar o papel de ala ou de único avançado.
James Chamanga (Moroka Swallows) não é tão apreciado como os irmãos Katongo e esteve próximo de não ser convocado, mas não desilude quando é chamado. Com um remate forte e bom no jogo de cabeça, Chamanga mostra ser uma excelente alternativa para Phiri. É o principal ponto de referência no ataque, o jogador mais fixo.
Jacob Mulenga (Estrasburgo) é outro dos elementos que jogam na ala. Rápido e inteligente a aproveitar as diagonais, surge frequentemente em zona de finalização, aproveitando os espaços criados pelas movimentações de Katongo e Chamanga.
Ian Bakala (1.º de Agosto) é, possivelmente, o que menos reconhecimento tem na selecção dos nomes referenciados até ao momento, mas foi uma das principais surpresas da CAN. Na retina, fica a excelente segunda parte frente aos Camarões, onde este "baixinho de tranças" conseguiu fazer o que quis dos adversários tendo em vista a redução da desvantagem. Foi insuficiente, mas criatividade e magia não lhe falta.
Estatísticas:
- Dos 23 jogadores convocados por Patrick Phiri, quatro não chegaram a ser utilizados: os guarda-redes Kakonje e Poto e os defesas Kasonde e Chinyaman
- Cinco jogadores actuaram os 270 minutos possíveis: Mweene (guarda-redes), Hachilensa, Mwanza e Musonda (defesas) e Feliz Katongo (médio)
- A equipa foi admoestada com quatro cartões amarelos: Feliz Katongo foi repetente, mas não foi suspenso, já que o segundo foi visto no terceiro jogo
- Com cinco golos apontados, o avançado Chris Katongo foi o melhor marcador (2 em 2 jogos). Os restantes foram apontados por Felix Katongo, James Chamanga e Jacob Mulenga
- Dois jogadores actuaram sete minutos em jogos distintos: Clifford Mulenga contra o Sudão e Njovu contra Camarões
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