domingo, 3 de fevereiro de 2008

COPA REVANCHA
River Plate leva título à letra e derrota Boca Juniors

Para início de época, parece que o River Plate tem mais motivos para sorrir do que Boca Juniors. Se os xeneizes saíram vitoriosos do encontro do Pentagonal de Verão, foram os millionarios que conquistaram o troféu. Agora, na Copa Revancha, o River Plate levou o título do troféu à letra e vingou-se com uma vitória por 3-2, num jogo espectacular a todos os níveis.

Cinco golos, quatro expulsões, duas grandes penalidades, duas lesões e um estádio em Mendoza repleto de adeptos. Um autêntico dérbi mundial. Se juntarmos a isto o facto de ser apenas um jogo particular de pré-época consegue perceber-se a real dimensão e importância do momento.

Nesta partida, o Boca Juniors voltou a entrar mais forte que o adversário e Carlos Ischia pensou que iria ter uma partida fácil quando Palletta inaugurou o marcador de cabeça após livre de Dátolo e, pouco depois, Palermo quase fez o segundo de cabeça. No entanto, o River Plate, que parecia inerte até então, reagiu de forma esclarecedora e o colombiano Radamel Falcao restabeleceu a igualdade de forma primorosa após uma excelente assistência de Alexis Sánchez. Até ao intervalo, o River marcou mais duas vezes: Sebastián Abreu e Ariel Ortega, de grande penalidade, no lance que ditou a expulsão de Alvaro González. Na origem da jogada, um lance fabuloso de Alexis Sánchez que ultrapassou quatro adversários até ser alegadamente carregado em falta dentro da área.

Na segunda parte, o Boca voltou a entrar melhor e conquistou uma grande penalidade, também ela duvidosa que resultou na expulsão de Ferrari. Palermo converteu. O resultado final já estava fixado, mas até ao último apito houve ainda tempo para as expulsões de Leo Ponzio e Gustavo Cabral, ambos do River Plate, e para as lesões de Alexis Sánchez (pulso esquerdo) e Lucas Castromán - ao que tudo indica uma lesão muscular numa perna.

River Plate
Diego Simeone tem um longo trabalho pela frente. A grande estrela da equipa Fernando Belluschi abandonou e, neste momento, o técnico tem apenas um punhado de jogadores jovens com muito futuro. Falta alguém que consiga dar maior estabilidade e poder de desequilíbrio à equipa. Os jovens Alexis Sánchez, Buonanotte e Falcao são bons, mas ainda não suficientemente regulares.

Para esta partida, Simeone surgiu com o habitual sistema de 3x3x1x3 que tem vindo a implementar. Carrizo está de pedra e cal na baliza e a defesa é composta por Ferrari, Gustavo Cabral e Eduardo Tuzzio. O reforço Cabral, oriundo do Racing, parece estar a ambientar-se bem e poderá contribuir para uma defesa mais sólida.

No meio-campo, começo por Villagra. Lateral esquerdo que joga com o pé direito, surgiu mais adiantado no terreno e não se limitou a actuar por um dos flancos. Sem ser um jogador esplendoroso, cumpre defensivamente e não é tosco nenhum no ataque. Fixo à frente do trio defensivo está Ahumada. Jogo para esquecer para ele, pois a dificuldade de Ferrari em suster Palacio levou a que descaísse em demasiado para a ala direita. Depois há ainda Leo Ponzio, jovem irreverente. O mais ofensivo do trio do meio-campo. Na ligação para o trio ofensivo, resiste o Burrito Ortega. A classe não tem limites nem idade. Enquanto estiver "fresco" e livre de problemas com álcool pode continuar a contribuir.

Finalmente, o ataque. O avançado Sebastián Abreu é o mais fixo. Surge com responsabilidades muito semelhantes às que Farías desempenhava na equipa, mas traz maior mobilidade. Mobilidade essa que os jovens Alexis Sánchez, chileno endiabrado, e Radamel Falcao, colombiano letal nas movimentações, oferecem na perfeição.

Desta feita, houve pouco tempo para ver Archubi, um reforço vindo do Lanús via-Olympiacos no negócio Belluschi. Poderá trazer maior solidez.

Boca Juniors
O ponto fraco é o treinador, indiscutivelmente. O campeonato ainda não começou e Carlos Ischia já é perseguido por um rol de críticos que não esquecem a campanha desastrosa ao serviço do Rosario Central. A vitória por 2-0 com o River foi um balão de oxigénio, mas a derrota de hoje poderá complicar ainda mais as coisas.

A nível de plantel, nada a apontar. O regresso de Riquelme é, por si só, suficiente, no entanto a equipa soube manter todos os grandes jogadores, à excepção de Banega que, ainda assim, não parece ser muito sentido. O esquema mantém-se fiel ao 4x4x2.

Com Migliore na baliza, o quarteto defensivo foi formado por Alvaro González, Paletta, Cáceres e Monzón, o jovem promissor oriundo dos juniores. Com Ibarra e Morel Rodríguez de fora, não se pode dizer que tenha acusado em demasia. Destaque para Monzón. Alto e possante, está longe de ser o típico lateral argentino, mas demonstra excelentes pormenores. Não é prodigioso a nível técnico, mas compensa com a garra que emprega a cada lance e a velocidade com que sobe no terreno com a bola controlado. Pode vir a tornar-se um caso sério.

No meio-campo, a fórmula de sucesso habitual. Battaglia como pivot, ocupando o lugar de Gago e Banega no passado, Ledesma pela direita, Jesus Dátolo pela esquerda e Leandro Gracián no centro. Mesmo com a ausência de Riquelme, não faltam opções criativas à equipa. Com Dátolo e Gracián em campo, o ataque tem duas excelentes opções, mas não se pode esquecer Neri Cardozo, provavelmente o que mais potencial tem dos três.

No ataque, Palermo e Palacio dispensam apresentações. Vindo do banco neste jogo há a destacar Lucas Castromán. Polivalente, não tem de actuar necessariamente no ataque como fazia no Vélez Sarsfield, especialmente havendo Palermo e Palacio. Se a equipa estiver em desvantagem, os três podem coexistir sem problema e criar dificuldades acrescidas às defesas adversárias.

Basicamente, o Boca Juniors afigura-se como o maior candidato ao título. É a equipa com o melhor jogador (Riquelme), a melhor dupla de avançados (Palermo-Palacio), o plantel mais equilibrado e mais coeso. Poderá faltar treinador, mas ainda assim... Ischia quase só tem de escalar onze e dar-lhes liberdade para resolverem os jogos alternadamente.

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