José Antonio Camacho não se sente confortável no Benfica. Os resultados não estão a ser os esperados e o nervosismo começa a saltar à vista, mesmo se não fôr seguido com atenção. Porquê? O mito do sebastianismo elevou a exigência psicológica a um nível em que nem treinador, nem presidente nem adeptos estão a acompanhar.
Ponto 1. José Antonio Camacho teve uma boa primeira passagem pelo Benfica. Em anos de Mourinho, Camacho conseguiu dois segundos lugares e uma Taça de Portugal. A tão aclamada frontalidade com que falava à imprensa dava-lhe margem de manobra para criticar duramente, e por vezes injustamente, a situação que se vivia em Portugal, tal soberano que falava para colonos. Desde que saiu, Camacho foi constantemente apontado como o desejo dos adeptos.
Ponto 2. Camacho chegou a Tires envolto em histeria e festejos exuberantes. Nunca antes um treinador, talvez Toni?, tinha conseguido tamanha manifestação de apoio apenas por chegar a um clube. Desta feita, notava-se que Camacho chegava com a lição estudada. Logo às portas do aeroporto de Tires, Camacho manda parar o carro para falar. Um dia depois, operação de charme para os sócios verem os treinos.
No entanto, o que não sabia Camacho, é que as coisas já não eram as mesmas. Se o empate com o V. Guimarães foi facilmente aceitável, principalmente com a vitória em Copenhaga dias depois, Camacho tem vindo a mostrar-se um treinador medroso, com pouca criatividade e desenvolveu um medo cénico da imprensa, bem como das perguntas.
Depois de várias faltas à chamada, foi um Camacho nervoso que falou hoje à TVI. Não gostou da primeira, não gostou da segunda e a terceira pergunta nem percebeu, limitando-se a repetir as respostas das duas primeiras. O desconforto de Camacho topa-se e topa-se à distância.
Mais do que presidente, Vieira é amigo de Camacho. Essa foi a única relação que ambos desenvolveram enquanto o espanhol esteve desempregado. Por isso, Camacho reagiu tão mal às declarações de Vieira, especialmente tendo em conta que terá aproveitado algo pessoal (os convites do FC Porto) para lançar uma farpa (mais uma!) ao rival Pinto da Costa.
Este não é o regresso que Camacho desejava. Os milagres não se fazem, mas o treinador espanhol não sai completamente inocente desta situação. Vencer, e com golos, em casa é obrigatório, bem como fazer quatro pontos, no mínimo contra o Celtic. Menos que isso e há problema na Luz.
1 comentário:
Concordo contigo. Nota-se muito desconforto no Camacho, sobretudo porque a equipa não está a produzir bom futebol. E para lhe fugir, finge que os jornalistas andam a persegui-lo.
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